quarta-feira, 16 de junho de 2010

Campeões mundiais na Educação e Saúde

Mesmo depois de um dia em que confirmamos nos­so favoritismo na Co­pa do Mundo e de um placar de 2 a 1 contra a Coreia do Norte, poucos trabalhadores e traba­lhadoras acreditariam na afirmação de que o Brasil se­ria campeão mundial em Educação e Saúde.
Primeiro, porque temos ainda, infelizmente, um longo caminho a percorrer para estabelecermos padrões mundiais em Educação e Saúde de nossa população. Mas, ao mesmo tempo, temos exemplos de sobra que somos, sim, capazes de buscar excelência se existir a vontade e a determinação políticas.
Capacidade organizativa e em­penho do nosso povo temos como provar através do Samba e do Futebol. Ambas atividades coletivas, de grande competição entre os times e as escolas de samba, que têm o sucesso agregado a resultados e ao apoio coletivo das respectivas comunidades ou torcidas.
Por isso, é possível nos mobilizar, também, para sermos cam­peões mundiais em Educação e Saúde. E do mesmo jeito que o Brasil pára nas disputas da Copa do Mundo, é necessário e inadiável levar para o chão de fábrica, para as comunidades, para os pontos de ônibus, para o trajeto feito de trem, ou seja, em todos os lugares onde pelo menos dois brasileiros estejam juntos, a nossa preocupação com a Educação e Saúde.
A Educação é essencial porque nos ajuda a abrir os olhos e nos tornar democraticamente mais eficientes. Ou seja, a gente aprende a votar de olho no futuro e no comprometimento das candidatas ou candidatos com políticas públicas de curto prazo para revolucionar a Educação, a Saúde, a Segurança Pública e nosso bem-estar social e econômico.
Mais conscientes dos nossos direitos, saberemos distinguir o discurso do pára-quedista de plantão que só nos procura nos três meses anteriores às eleições e apostar nas lideranças que convivem com nossa realidade e que estão comprometidas com nosso passado, presente e, principalmente, com nossas vontades futuras.
É viável sermos campeões em Educação e Saúde. Como já faz parte de nossas expectativas sermos hexacampeões mundiais no futebol e os melhores sambistas do planeta. As condições iniciais estão no DNA de povo brasileiro. É uma questão, apenas, de organizar e mobilizar nossos talentos. E junto com o samba e a bola, aprendermos a usar com mais sabedoria e visao de futuro o nosso título de eleitor.

Blindar os direitos trabalhistas do Brasil

Na semana passada, doze traba­lha­dores da Fox­conn, a maior empresa chinesa subcontratada do mundo, se ma­taram. Não aguentaram a carga ho­rária excessiva e os baixíssimos salá­rios. Eles ganham R$ 240 por mês, ou R$ 8,00 por dia, ou um real por hora. Verdadeira escravidão.
O que esta história tem a ver com a gente?
As grandes multinacionais adotam há anos uma política de expansão para os países em que a mão de obra é mais barata, com um controle da produção rígido, próximo da escravidão. É assim que se formou na China uma das maiores empresas subcontratadas do mundo, a Foxconn, que emprega mais de 800 mil trabalhadores e presta serviços para multinacionais como a Apple, Dell, HP, Nintendo e Sony.
Além da carga horária excessiva e dos salários baixos os trabalhadores e trabalhadoras chineses não têm como se organizar de maneira independente para negociar melhores condições de vida, de salário e de trabalho com as multinacionais. Ou seja, lá não existem as proteções trabalhistas e sociais garantidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
As multinacionais, ao expandirem para países como a China, testam um modelo que pretendem adotar no Brasil, caso consigam romper a blin­dagem de nossas leis trabalhistas.
Por isso, há toda uma pressão e um lobby fortíssimo dentro na Câmara dos Deputados para flexibilizar as leis trabalhistas, com a redução das férias, do abono de férias, da licença maternidade e até do 13º salário. Sem contar as garantias que temos com o FGTS e o direito à PLR.
Porque para trazer suas filiais para o Brasil interessa às multinacionais baixíssimos salários, como o de um real por hora que pagam aos traba­lhadores chineses. Interessa também submeter e desacreditar a organização e mobilização sindical, como os aliados das multinacionais tentam fazer a cada reportagem que publicam a res­peito da classe trabalhadora brasileira.
É importante ampliar nossa mobilização e levar nossas vontades para dentro do Congresso Nacional porque a expansão de nossa economia amplia o apetite das multinacionais. E au­menta a pressão sobre os parlamen­tares brasileiros através de empresas que articulam o fim dos direitos trabalhistas, que já conquistamos.
O discurso é indireto. Falam contra o custo Brasil, da suposta falta de competitividade do Pais, da falta de qualificação da nossa mão de obra. O objetivo é um só: minar a organização dos trabalhadores, de suas centrais sin­dicais e abalar a autoestima das principais lideranças sindicais e parlamentares.
E essas articulações são realizadas num momento em que nossa economia cresce 9% no 1º trimestre e tem, segundo o IBGE, uma expansão anual recorde, quando crescemos 2,7% no primeiro trimestre ante os três meses imediatamente anteriores.
É um “crescimento chinês” propa­gam as multinacionais e seus represen­tantes que atuam no Brasil e ao mesmo tempo pressionam, direta e indiretamente, nossos deputados para flexibilizar as leis trabalhistas para nos impor “crescimento chinês” com salários de um real por hora.
E isso, nós trabalhadores e cida­dãos brasileiros não deixaremos passar. Vamos ampliar ainda mais nossa mobilização e nas próximas eleições apoiar candidatos (deputados federais e estaduais, senadores, governadores e presidente da República) que pro­vem, sem deixar dúvida, absoluto com­prometimento com a CLT e com a blindagem dos direitos traba­lhistas.
Não vamos deixar que a situação de desespero que leva operários chineses ao suicídio venha a acontecer no Brasil.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Combater com qualificação e educação o perigoso apagão de mão de obra

O Brasil cresce a olhos vistos. O mundo inteiro percebe. Mas corremos um sério risco de comprometer toda nossa euforia econômica se não reagirmos com eficiência à terrível ameaça do apagão de mão de obra.
A ponto de o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, ter afirmado que a falta de qualificação ameaça o crescimento do número de postos de trabalho formais no país.
Este ano, a expectativa é de que cerca de 1 milhão de trabalhadores passem por algum curso de formação. “Estamos muito aquém do necessário, deveriam ser 5 mi­lhões”, disse o ministro.
Pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Dom Cabral, com as 76 maiores compa­nhias do país, constata que sobram vagas em 67% das empresas de setores como o automobilístico, ferroviário, moveleiro, siderurgia e metalurgia, transportes e serviços.
Segundo o professor Paulo Resende, responsável pelo estudo da Fundação Dom Cabral, "somos o país das disparidades: há dinheiro para investir, mas a mão de obra especializada está cada vez mais escassa”.
Na avaliação dele, essa questão pode se transformar num gargalo perigoso - a exemplo das carências da infraestrutura - para o crescimento sustentável do país, acima de 5% ao ano na próxima década.
Ele conta que encontrou casos de companhias que estão importando mão de obra de outras nações da América Latina. "No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela; no agronegócio, de Argentina, Uruguai e Paraguai." Enquanto aqui no Brasil ainda re­gistramos mais de 8 milhões de trabalhadores sem nenhum tipo de ocupação.
A alternativa sobre a qual insistimos há anos é juntar esforços do poder público com o setor privado e iniciar, para ontem, uma imensa mobilização nacional pela qualificação. E, ao mesmo tempo, ampliar e profissionalizar os investimentos em Educação. Desde a pré-escola até a universidade.
Não dá mais para manter jovens nas escolas fingindo que aprendem e seus professores, muitas vezes desmotivados, fingindo que ensinam.
Além do envolvimento direto do poder público e privado, o Brasil precisa do esforço de cada um de nós, trabalhadores e traba­lhadoras, pais e mães, avôs e avós e, principalmente, dos jovens que precisam ser motivados a aprender a aprender.
O crescimento da nossa economia, com geração de mais oportunidades e empregos, passa pela Educação e pela Qualificação. Ou resolvemos já este problema ou corremos o risco de nadar e morrer na praia. Pois não há crescimento possível sem mão de obra qualificada.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

No Primeiro de Maio avançamos para as 40 horas

A grande mobilização de alegria e reflexão que ex­perimentamos no Primeiro de Maio, com a participação do presidente Lula e dos pré-candidatos à Pre­sidência da Re­pú­blica e ao governo do Estado de São Paulo, além de ministros, prefeitos, deputados fe­derais e estaduais e senadores, confirmou a força do movimento sindical brasileiro e, em especial, da Força Sindical.

Confirmou também que temos força política suficiente para aprovar, ainda neste ano, a redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salários. Conseguimos, em 1988, reduzir a jornada de 48 para 44 horas. E o Brasil melhorou. Principalmente, permitiu à classe trabalhadora se mobilizar mais nos sindicatos e nos bairros e acumular mais sabedoria politica que nos garante hoje um Brasil democraticamente moderno.

Mas ainda falta muito por fazer. Com a jornada de trabalho em 40 horas semanais vamos ter muito mais tempo para o relacionamento com a vizinhança, com nossos compa­nheiros de fábrica, com nossos amigos e, principalmente, com nossa família.
Será a oportunidade de consolidar o tecido democrático brasileiro que se alimenta da troca de ideias entre os cidadãos nos seus locais de traba­lho e de moradia, na fábrica e no sindicato.

Mas para ter condições de avançar a troca de ideias é preciso tempo. E as 4 horas a menos que vamos trabalhar, por semana, serão investidas no acompanhamento escolar de nossos filhos, em cursos de reciclagem profissional, na retomada da leitura que tanta falta faz para nossa formação.

E saberemos, também, aproveitar um pouco do tempo para nosso lazer. Afinal, são nestes momentos que conhecemos melhor nossos vizi­nhos, que estabelecemos alianças, que aferimos nossas vontades politicas e, decidimos, conjuntamente, o critério de nosso voto.

É esse vigor e avanço democráticos que faz alguns empresários e as forças reacionárias do País criar uma campanha acirrada contra as 40 horas, sem redução dos salários. Mas, felizmente, a decisão passará pelo Congresso Nacional. E nós, trabalhadores e cidadãos estamos atentos. E saberemos punir os parlamentares que traírem nossa vontade.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

1º de Maio é data de renovação da mobilização dos trabalhadores

Muita gente acha que o Primeiro de Maio é dia de festa. Porque os patrões tentam, ao longo das décadas, nos fazer esquecer que o Primeiro de Maio é uma data em que renovamos nosso propósito de continuar mobilizados a favor dos nossos interesses de classe.
Fazemos festas, como a que a Força Sindical tradicionalmente promove no Campo de Bagatele em São Paulo, para mais de um milhão de trabalhadores.
Mas não nos esquecemos da História.
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.
Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Centenas de trabalhadores foram massacrados.
Hoje, no Primeiro de Maio de 2010, 124 anos depois do massacre, as reivindicações continuam quase que a mesma. Ainda queremos a redução da jornada, agora para 40 horas semanais.
Ainda queremos mais salários, com a transferência de parte dos lucros das empresas para a massa salarial. Ainda queremos dignidade para nossas famílias, ambientes de trabalho seguros, diante das quase três mil mortes por acidentes de trabalho que registramos todos os anos.
Porque os patrões não mudaram a sua virulenta sede de lucros, que buscam a qualquer custo. Sem se preocupar com a sociedade, com a reprodução da própria força de trabalho, com a distribuição de renda, que me­lhoraria o próprio negócio.
Por isso, a cada Primeiro de Maio, nós trabalhadores metalúrgicos, renovamos nosso espírito de lutas. A favor do Brasil, do futuro de nossos filhos, da busca continuada da Justiça Social.
Estamos em festa mas estamos atentos. E se chegamos até aqui é porque provamos ao longo destes 124 anos que a classe trabalhadora brasileira e mundial não desiste nunca. E renovada, avança para construir o Brasil com a nossa cara.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Volta do lucro nas empresas permite buscar uma PLR mais substancial

Segundo reportagem publicada pelo insuspeito
jornal “O Estado de S. Paulo”, na segunda-feira,
dia 19, a crise já é passado para a maioria das companhias
brasileiras com ações negociadas em bolsa.
Le vantamento da Fundação de De senvolvimento
Administrativo (Fundap) aponta recuperação significativa
da margem de lucro das empresas.
A Fundap é vinculada à Secretaria de Gestão
Pública do governo do Estado de São Paulo, e
avaliou os resultados de 222 empresas de capital
aberto: 139 da indústria, 13 do comércio e 70 de
serviços. Na média, a margem de lucro das empresas
(relação entre lucro líquido e receita líquida)
subiu de 5,6% no quarto trimestre de 2008 para
10,8% no último trimestre do ano passado.
Ou seja, já está sobrando lucro em caixa, que
teve a participação direta dos trabalhadores na
garantia da produtividade, mesmo com um número
menor de profissionais, já que as demissões no setor
industrial, com a desculpa da crise financeira
mundial, foram brutais entre 2008 e 2009.
Os trabalhadores e as categorias mais bem organizadas,
como é o caso dos companheiros e compa -
nheiras vinculados ao Sindicato dos Metalúrgicos
de Santo André e Mauá, sabem exatamente a parte
que lhes cabe na lucratividade acumulada pelas
empresas daqui da região.
Por isso, estamos atentos e mobilizando todo
mundo para participar da nossa campanha de
Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Os
patrões, como sempre, estão preocupados apenas
em ampliar sua margem de lucro. Alguns apostando
no aumento de repasse de preços para o consumidor
final, mesmo a custo da retomada da inflação.
Pretendem usar salários repassados aos traba -
lhadores com a velha desculpa da pressão inflacionária.
Vamos, portanto, mobilizar para a discussão da
PLR e sem aceitar as desculpas esfarrapadas de que
a lucratividade ainda estaria nos níveis da época da
crise financeira. Temos dados que foram pesquisados
e publicados pela Fundap que garantem que o
lucro voltou. E vamos buscar parte do ganho através
da PLR-2010.
Ao mesmo tempo, vamos nos mobilizar para
denunciar as empresas do nosso setor que, covardemente,
tentarem repassar aumentos exagerados para
os consumidores finais. Pois, apostar na inflação
para aumentar a lucratividade é um ato impatriótico
que não aceitaremos e não deixaremos passar. Da
mesma maneira que denunciamos a covardia de
vários setores que se omitiram e demitiram na crise
global.

40 horas semanais é mais empregos e muito mais crescimento econômico

A campanha pelas 40 horas semanais, sem
redução dos salários, enfrenta as resistências de um
patronato que, infelizmente, perdeu a noção dos
próprios inte resses estratégicos. São maus patrões
que montaram suas empresas à sombra de um mercado
interno fra gilizado, com pouca participação dos
trabalhadores no consumo.
São empresários que se viciaram em empurrar
mercadorias e a transferir suas rendas para fora do
País, e que perderam o pé da realidade de um novo
Brasil que conta, hoje, com mais de 30 milhões de
novos consu midores e com uma perspectiva de transformar
cada um dos seus cidadãos em consumidores.
Pois bem, quando mapeamos os setores contra a
redução da jornada para 40 horas, sem redução dos
salários, lá estão esses maus empresários.
Basta um pouco de bom senso e a capacidade de
antecipar o que vai acontecer com a economia
brasileira para fazer as contas certas e descobrir que
a redução da jornada vai gerar mais 2 milhões de
novas vagas. Ou seja, um reforço adicional ao mercado
consumidor, com mais famílias consumindo, com
mais dinheiro circulando e com a perspectiva de
lucros para as empresas, mesmo as que são pessimamente
admi nistradas por esses empresários do atraso.
Além do reforço no mercado interno, a redução da
jornada ajudará a família a ter mais tempo com seus
fi lhos e filhas, a acompanhar sua educação, a evitar
que as crianças fiquem jogadas e abandonadas nas
ruas. Gerando um ganho enorme na formação e qua -
lificação dos jovens, que serão os trabalhadores e traba
lhadoras do amanhã, e uma rápida redução nos
níveis de violência.
Porque nossos filhos não ficarão mais expostos aos
apelos dos criminosos, enquanto nós continuamos presos
dentro das fábricas, dos escritórios e das conduções.
Teremos, também, o ganho de qualidade de
vida social. Com muito mais interação entre os
cidadãos nos seus bairros, nos seus clubes, nos seus
sindicatos. Ajudando a construir um novo Brasil, mais
rico e mais civilizado. São estes aspectos que estão em
jogo quando insistimos na redução da jornada para 40
horas, sem redução de salários. Os patrões antenados
com o futuro e com o interesse no crescimento das
próprias empresas já entenderam. Mas ainda temos
muito patrão atrasado atrapalhando o processo histórico.
Mas, nós, trabalhadores e cidadãos unidos, os
venceremos.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Salvar a Billings para as futuras gerações

A represa Billings faz 85 anos. Ainda podemos brindar a data com um copo de água potável. Mas a valer as reflexões que nos foram propostas ao longo da Semana Mundial da Água, que comemoramos entre 22 e 26 de março, se nada for feito e assumido pela po­pulação, pelos trabalhadores e pelos jovens, as próximas gerações não poderão brindar com um copo de água limpa as datas comemorativas da Represa Billings.
A Represa Billings é o maior reservatório de água da Região Metropolitana de São Paulo. Seu espelho d´água possui 10.814,20 hectares, correspondendo a 18% da área total de sua bacia hidrográfica, que ocupa um território de 58.280,32 ha. (582,8 km²), localizado na porção sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, fazendo limite, a oeste, com a Bacia Hidrográfica da Guarapiranga e, ao sul, com a Serra do Mar. Sua área de drenagem abrange integralmente o município de Rio Grande da Serra e parcialmente os municípios de Diadema, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo.
Apesar de ser protegida pela Lei de Proteção dos Mananciais desde a década de 70, a região vem sofrendo ao longo dos últimos anos as conseqüências de um processo ace­lerado de ocupação irregular. Estas invasões, apesar de identificadas pelo poder público, não têm sido eficientemente contidas, gerando uma sensação de impunidade que, por sua vez, estimula a ocorrência de novas agressões.
A principal tendência identificada no território da Bacia Hi­drográfica da Billings, no período de 1989 a 1999, foi a substituição da cobertura florestal nativa (Mata Atlântica), fundamental para a produção de água em quantidade e qualidade adequadas ao abastecimento público, por áreas ocupadas por atividades humanas, principalmente aquelas ligadas a usos urbanos.
Estima-se que, entre 1989 e 1999, a Billings tenha sofrido crescimento urbano da
ordem de 31,7%. Mais de 45% da ocupação urbana registrada nos seis municípios paulistanos da bacia se deu em áreas com sérias ou severas restrições ao assentamento.
Vivemos, portanto, o dilema muito bem levantado nas comemorações da Semana Mundial da Água: ocupação desenfreada que ameaça a sobrevivência da Billings e a falta de saneamento que prejudica a qualidade e quantidade da água.
Cabe a nós, trabalhadores e cidadãos, decidir com nosso titulo de eleitor em mãos, diante de um copo de água limpa e potável, qual o destino que daremos para a Billings. A decisão tem que ser imediata se queremos preservar qualidade de vida, de saúde e de água para nossos filhos e netos.

quarta-feira, 24 de março de 2010

20 anos após o Plano Collor, trabalhadores se tornam cidadãos

Na semana passada, os jornais estampa­ram notícias para lembrar os 20 anos do Plano Collor. Quem tem mais de 35 anos, ainda de­ve ter na me­mória as pro­messas que fo­ram feitas durante a campanha à presidência que, com a ajuda da TV Globo e a grande imprensa, ajudou a eleger Collor contra Lula, então chamado de “sapo barbudo”.
No primeiro dia de governo, Collor confiscou a poupança. E disse que a medida era necessária pois só tinha um tiro para dar na aceleradíssima inflação. O tiro saiu pela culatra e menos de quatro meses depois a inflação voltou com mais força ainda e as economias domésticas ficaram para sempre desorganizadas.
Era triste ver as pessoas que tive­ram seu dinheiro confiscado dias antes de fechar a compra de um apartamento para si ou para os fi­lhos. As promessas de modernidade de Collor, contudo, tiveram início com a modernização da frota brasileira, mas tudo era feito apenas para agradar os marajás, os ricos, os bens de vida. Exatamente os que Collor prometia tirar privilégios no seu governo.
Lula continuou na sua campanha a favor do Brasil. Percorreu o país todo, várias vezes. Levando sua mensagem, pregando para o nosso povo, a sua gente. E como todo jovem agora sabe, foi eleito presidente. Sem confisco de poupança, sem bravatas contra ricos, mas com a determinação de transformar os pobres e os trabalhadores no Brasil em cidadãos e consumidores.
E não deu outra. Na data em que comemoramos os 20 anos do fracassado Plano Collor, temos orgulho, enquanto trabalhadores e cidadãos, de termos o nosso País nas mãos.
Hoje, mais de 30 milhões de brasileiros, que na época do Collor não podiam nem sequer pensar em comprar uma sandália de dedo, estão consumindo muito além do feijão com arroz. Nossos filhos já podem freqüentar escola e nós temos como providenciar os cadernos, os livros e os uniformes.
Tem brasileiro que viaja de avião pela primeira vez na vida, que participa até de viagens de navio. Já sonhamos de novo com a casa própria em vez de ter que viver para sempre com a ameaça da favela.
O Brasil agora é nosso. E foi construído com nossos votos, com nossa vigilância e com a fé de que um ex-metalúrgico ia chegar lá e que iria trabalhar a nosso favor.
Começamos a viver de novo o clima eleitoral. E é muito importante que não esqueçamos a lição que aprendemos desde o Plano Collor, quando elegemos o primeiro presidente civil pelo voto direto.
A lição é simples: se quisermos melhorar o Brasil temos que manter a qualidade de nosso voto e conti­nuar sempre mobilizados em torno de nossos sindicatos e entidades de classe, em torno de lideres decentes e sempre a favor do Brasil.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Por que precisamos de uma mulher na Presidência?

Foi preciso a gente eleger um metalúrgico vinculado às bases, morando no meio do povão, vindo do Nordeste em pau de arara, para conseguir incluir na economia mais de 30 milhões de brasileiros, através do aumento real do salário mínimo superior a 45%. Só com Lula na presidência, o Brasil mudou sua cara e os ricos tiveram que aprender a conviver com os pobres dentro dos shoppings, nas lojas e no comércio. Com o governo Lula, o Brasil dá o maior salto de distribuição de renda de sua História nos últimos 500 anos. Mas mesmo assim, ainda é preciso fazer muito. Somos ainda um País de concentração de renda, de apartheid social e cultural, em que os trabalhadores e os pobres são mantidos longe das oportunidades de bons empregos, porque são condenados a uma educação de péssima qualidade, a moradias precárias e a um sistema de saúde que mais adoece do que previne. Agora temos a possibilidade de eleger uma mulher para a presidência, com as pré-candida­turas da Dilma Roussef, do PT, ou da Marina Silva, do PV. E é hora de levá-las a sério porque nossas mulheres, mais da metade da nossa população, ainda são mantidas na Idade Média, quando o assunto é igualdade salarial, de oportunidade ou de respeito profissional. Segundo o IBGE, as mulheres no mercado de trabalho são mais escolarizadas que os homens e mesmo assim ganham menos e têm mais dificuldade de ter a carteira assinada. Segundo o estudo, em 2009, enquanto 61,2% das trabalhadoras tinham o ensino médio completo, para os homens este percentual era de 53,2%. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6%, também superior ao dos homens (14,2%). Por outro lado, nos grupos de menor escolaridade, a participação dos homens era superior à das mulheres. Em 2009, aproximadamente 35,5% das mulheres estavam contratadas com carteira de trabalho assinada, porcentagem inferior à dos homens (43,9%). Por isso, será necessário ter uma mulher na presidência para completar o trabalho de resgate do povo brasileiro iniciado pelo presidente Lula. Um ex-metalúrgico que não traiu sua classe, que ampliou e reforçou o nosso sentimento de pátria, que ajuda os brasileiros a ter acesso a novas oportunidades. Uma mulher na presidência, que tenha condições de continuar Lula, vai transformar o ano inteiro em Dia da Mulher Brasileira, e teremos grandes avanços na Educação e na Saúde. Porque as mulheres, as mães, as trabalhadoras e as cidadãs sabem exatamente o que os seus filhos, maridos, pais e avós precisam. Ou seja, muito mais distribuição de renda. Muito mais distribuição de oportunidades. E tratamento igual, independente do sexo e da raça.

quarta-feira, 3 de março de 2010

PLR é distribuição de renda, garantida com nosso esforço

Começamos a Campanha PLR 2010. Todos os anos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá mobiliza os companheiros e companheiras para reverter para nossas famílias parte dos ganhos que geramos para as empresas.
É essa a regra básica da Par­ticipação nos Lucros e Resultados (PLR), que foi transformada na lei 10.101/2000. E que é o "instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade", na sua definição Constitucional.
Mas todos nós, trabalhadores e trabalhadoras, sabemos que a PLR, apesar de beneficiar as empresas, por se tratar de um pagamento indireto sem a incidência de impostos, não chega a nossos bolsos de graça.São necessárias mobilização e pressão. A única linguagem que os patrões entendem, mesmo quando agimos a favor do reforço do mercado interno, que acaba por beneficiar suas empresas.
Eis alguns exemplos de levantamentos feitos por órgãos sindicais dão uma ideia da importância do instrumento. Na região de Taubaté, segundo pesquisa do Dieese, foram pagos, em 2009, R$ 95,3 milhões a título de PLR, 18,6% mais do que em 2008.
Apenas a Volkswagen, com fábri­cas nas regiões do ABC e de Taubaté, pagou a 18,2 mil funcionários R$ 8.477,00 em duas parcelas, no primeiro e no segundo semestres, 36,4% mais do que os R$ 6.214,00 pagos em 2008.
Na região do ABC, as negociações feitas pelo Sindicato dos Me­talúrgicos de Santo André e Mauá teve um bom resultado. A empresa Prysmiam, em Santo André, pagou R$ 3.670,00 aos 400 companheiros. Já a Eluma, unidades Utinga e Capuava, pagou aos 1.200 trabalhadores o valor de R$ 2.997,00.
Estes exemplos ressaltam os grandes pagamentos, vinculados a grandes empresas e a enormes conquistas de produtividade. Mas toda empresa, independentemente do tamanho e do número de funcionários, se está sobrevivendo foi porque seus trabalhadores se esforçaram para garantir seu lucro e sua produtividade.
É a hora, portanto, de acelerarmos a Campanha PLR 2010. E, para tanto, como fazemos todos os anos, é hora de participar ativamente de assembleias na fábrica, reuniões no Sindicato, de discussões a favor dos nossos interesses.Vamos distribuir renda com uma PLR substancial. Vamos buscar a parte que nos cabe neste imenso latifúndio do lucro patronal.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Agora, é hora da Revolução na Educação

Como combinar a melhoria da qualidade de vida da população, que a partir de ganhos reais no salário mínimo e de políticas públicas, incluiu mais de 30 milhões de brasileiros no consumo, com a inadiável Revolução na Educação, tão necessária para posicionar o Brasil e os brasileiros neste Século 21 que já nos consumiu uma década?
A resposta o Brasil, os brasileiros e, principalmente, o governo Lula vem buscando com a indicação de Dilma Roussef como pré-candidata à Presidência da República.
A diferença do presidente Lula para os demais ocupantes do Palácio do Planalto é que Lula acreditou, de verdade, que um ex-metalúrgico poderia sim ser Presidente da República. E mais do que isso, conseguiu ao longo de seu governo estabelecer ganhos reais, desde 2002, de 53,67% no salário mínimo, segundo o Dieese.
Agora, com a indicação de Dilma Roussef o que o ex-metalúrgico Lula sinaliza é a possibilidade de ter uma mulher na presidência. A primeira em 500 anos de Brasil.
E mais, com a tarefa gigantesca de revolucionar a Educação. Algo muito mais complicado do que a que conseguimos estabelecer até agora com a recuperação do valor do salário mínimo e a melhoria do mercado interno.
Educação, através de salas de aula modernas, com professores motivados e bem pagos, com mobilização da opinião pública, de pais e mestres trará como resultado nossa participação, de fato, dos avanços sociais, culturais e da tecnologia do Século 21.
Só através da Educação ampliaremos, ainda mais, nossa consciência cidadã e conseguiremos por um freio nesta corrupção que tanto nos incomoda. Porque para controlar a corrupção precisamos de cidadãos mais conscientes dos seus direitos, preparados para pressionar e eliminar do cenário político os candidatos que apostam na roubalheira.
Em política, as grandes mudanças convergem para os políticos que simbolizam a certeza da mudança.
Com Lula, o Brasil e os trabalhadores acertaram no esforço da distribuição de renda, que se confirmou com a valorização do salário mínimo e com políticas sociais a favor dos mais pobres.
Com Dilma, conseguiremos, finalmente, a Revolução na Educação, que nos ajudará a controlar, finalmente, a corrupção no Brasil.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Agora, o Pré-sal é nosso, com distribuição de renda

Na década de 40, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá participou das primeiras fileiras da campanha "O Petróleo é nosso!". As grandes multinacionais do petróleo aliciaram a banda podre de nossa elite, da época, e tentaram tirar nossa autonomia na gestão da exploração e distribuição dos derivados de petróleo.Os estudantes, trabalhadores, partidos políticos de esquerda, entre eles o Partido Comunista Brasileiro, foram para as ruas. E conseguimos sensibilizar o presidente Getúlio Vargas que assinou o decreto que hoje nos garante a Petrobras e a possibilidade de explorar as riquezas do Pré-Sal. Mas ainda temos uma árdua batalha pela frente. As multinacionais e as elites brasileiras continuam aliadas nos seus investimentos e na sua sede de transferir para o exterior os ganhos que venham a conseguir aqui. Estão todos de olho nos tremendos lucros do Pré-Sal.Mais uma vez, os trabalhadores e o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, estão atentos. E, principalmente, mobilizados. O modelo do Pré-Sal que nos interessa é a distribuição antecipada da renda do petróleo. Com garantias de investimentos em educação, saúde e infraestrutura, confirmadas por lei, antes da extração. Vamos nos mobilizar para ter aqui o Pré-Sal que signifique riqueza para todos. Senão, cairemos na situação em que o país é rico e a sua população é pobre. E se a gente deixar que a elite brasileira conduza e controle as riquezas que, com certeza, virão do Pré-Sal nos próximos anos, vamos continuar na pobreza enquanto os ricaços daqui vão nadar em petrodólares. Da mesma maneira que asseguramos a Petrobrás, através da campanha "O Petróleo é nosso!", estamos empenhados na campanha "O Pré-Sal é nosso, com distribuição de renda".Venha, participe, traga seus filhos. Se associe ao Sindicato, amplie o vigor de sua cidadania. Defenda o seu país, a sua Pátria, o futuro dos nossos filhos.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sindicalização é moeda forte

Os empresários têm a seu lado o poder do Capital. Com a ajuda de banqueiros e do lucro que arrancam das nossas costas e da entrega de nossas vidas à produção, em que consumimos nossa saúde, corações e mentes, eles acumulam capital e investem na expansão de seus negócios. Ou seja, ficam cada vez mais ricos graças à apropriação do que fazem do que produzimos. É essa a essência do sistema capitalista.
Já os trabalhadores não têm capital nem acesso aos empréstimos bancários. Somos mantidos apenas com nossos salários. E ainda somos responsáveis por pagar pela manutenção das nossas famílias, pela criação e educação dos nossos filhos, que mais tarde vão ser usados pelo sistema capitalista para renovar sua mão-de-obra nas fábricas, nas lojas, nos campos.
Mas nós trabalhadores e trabalhadoras temos uma moeda muito mais forte que o capital. Nós temos sempre a possibilidade de união em massa em torno do nosso Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. A História prova que toda vez que se aumenta a sindicalização que conseguimos fazer valer nossas vontades, dentro e fora das fábricas, e conquistar melhorias salariais e nas condições de trabalho.
Vivemos uma época que tem tudo a nosso favor. A economia brasileira se recupera com a participação dos trabalhadores e do governo Lula, eleito com nossa participação.
Agora, é a hora de mostrarmos capacidade de organização e mobilização. E o primeiro passo é se sindicalizar. Se juntar ao nosso Sindicato para acumular força e capacidade de pressão.
Temos tarefas gigantescas neste ano eleitoral, quando os políticos ficam mais sensíveis e nos ouvem mais. Vamos lutar pela aprovação da redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução de salários. Vamos defender a lei que repassa 5% do lucro líquido das empresas para seus trabalhadores. Vamos insistir pela aprovação da Convenção 158, da OIT, que regulariza a demissão imotivada e acaba com a sangria desatada da rotatividade.
Mas precisamos mostrar força e organização. Por isso, é muito importante que você, companheiro e companheira, se torne sócio do nosso Sindicato. Afinal, o trabalhador sindicalizado é a moeda forte da categoria. E a partir do seu empenho é que confirmaremos conquistas trabalhistas e salariais.

40 horas porque o Brasil precisa gerar 2 milhões de novas vagas

Em 1988 quando os trabalhadores brasileiros se organizaram e pressionaram o Congresso Constituinte pelas 44 horas semanais (antes trabalhávamos 48 horas por semana) os patrões organizaram uma campanha contra o Brasil e nós trabalhadores.
Para os patrões e seus porta-vozes o Brasil iria parar caso fossem adotadas as 44 horas semanais. Haveria desemprego, ninguém mais contrataria novos trabalhadores, o caos econômico se instalaria no Pais.
Passados 20 anos, ficou provado que a campanha dos patrões contra a redução da jornada de 48 horas para 44 horas, sem redução de salário, era terrorista e mentirosa. O Brasil nunca progrediu tanto nestes últimos 20 anos. Com ganhos em todos os aspectos seja na produtividade dentro das empresas, na qualificação dos nossos trabalhadores e, até mesmo, na lucratividade das empresas que antes eram contra a redução da jornada.
Agora, vamos avançar para as 40 horas semanais. A gritaria dos patrões tenta repetir o terrorismo de 1988. Claro que não vai adiantar pois os trabalhadores estão cada vez mais organizados. Agora, temos nossas centrais sindicais reconhecidas. Temos nossa imprensa ativa e que chega às fábricas. Temos muito mais liberdade de organização dentro e fora das fábricas.
Além disso, vivemos agora um ano eleitoral. E sabemos, direitinho, como funcionam os mecanismos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Por isso, reproduzimos nesta página os telefones e emails das lideranças dos partidos. São estes deputados e senadores que têm que colocar em pauta a votação das 40 horas semanais. E serão eles os responsáveis caso a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não aprovem a redução da jornada, sem redução de salários.
Queremos 40 horas semanais para passarmos mais tempo com nossas famílias, ajudar nossos filhos nas lições de casa, viver mais a nossa própria vida e gastar um tempinho com a gente na própria requalificação profissional. Os patrões, por enquanto, só apostam no terrorismo. Mas nós, trabalhadores, vamos apostar na democracia e na pressão em cima dos deputados federais e senadores que virão até nós em busca dos votos da reeleição. E só terão nossos votos se aprovarem, antes das eleições, as 40 horas semanais. Para gerar mais de 2 milhões de novos empregos.

Brasil de Lula cria plataforma para erradicar miséria absoluta

Se o Brasil mantiver o mesmo ritmo de diminuição da pobreza extrema e da desigualdade de renda observados nos últimos cinco anos (2003 a 2008), que coincide com o governo Lula, poderá obter indicadores sociais próximos aos de países desenvolvidos em 2016. Da mesma forma, poderá alcançar uma taxa de pobreza absoluta de 4%. A informação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
São considerados pobres extremos aqueles que recebem até 25% de um salário mínimo por mês, enquanto os pobres absolutos dispõem mensalmente de até 50% de um salário mínimo.
O documento do Ipea revela a tendência de o país ter em 2016, seguido o ritmo dos últimos cinco anos, a desigualdade da renda do trabalho em 0,488 do índice Gini – coeficiente que varia de 0 a 1, segundo o qual quanto mais próximo do zero, menor é a desigualdade de renda num país e quanto mais próximo de 1, maior a concentração de renda.
Em 1960, ano da primeira pesquisa sobre desigualdade no Brasil, verificou-se índice Gini de 0,499 no país. Em 2005, o índice Gini nos Estados Unidos era de 0,46; na Itália, 0,33; e na Dinamarca, 0,24.
Mas entre 2010 e 2016, além dos seis longos anos que nos separam, acontecerão aqui uma Copa do Mundo, em 2014, e uma Olimpíada, em 2016. Teremos, ainda, mais duas eleições presidenciais, uma agora em 2010 e outra em 2014. Ou seja, teremos tempo de decidir se é esse mesmo o destino que vamos consolidar no Brasil ou se deixaremos que a atual situação favorável nos escape das mãos e prevaleça as políticas de alta concentração de riqueza, nas mãos de poucos, colocando em risco o que poderá ser a garantia de um Brasil mais justo, mais igualitário e com padrões de miséria absoluta semelhantes aos dos países desenvolvidos.
Como disse, ainda falta muito a ser feito e cada peça que a gente mova passa, necessariamente, por nossa decisão cívica e cidadã. Ajudamos o Brasil avançar muito desde o Plano Real, em 1994, quando conseguimos controlar a inflação. Depois, com o presidente Lula, avançamos muito para uma melhor distribuição de renda. Mas não podemos cochilar. O capital internacional e a elite brasileira, sempre gananciosa, estão de olho nos avanços sociais. Tudo farão para reverter a distribuição de renda, porque essa gente só pensa neles. E não nos sagrados interesses do povo brasileiro.

Os patrões é que nos obrigam a fazer greve

Como já dissemos várias vezes, os trabalhadores e trabalhadoras não gostam de fazer greve. Mas temos que cada vez mais nos preparar para greves por empresas, greves por setor e até mesmo não descartar uma greve geral diante da brutalidade patronal contra nossos interesses.
Trabalhamos de sol a sol, noite adentro, nos feriados, no domingo e o que temos de troca: arrocho salarial feito através de demissões arbitrárias. É uma ação integrada dos setores patronais que prejudica os trabalhadores e que traem todos os discursos feitos pelos departamentos de recursos humanos. Por isso, temos que estar sempre prontos para greves por empresa e por setor. Por causa da covardia patronal, somos obrigados a responder com greve. E sempre que necessário o faremos.
Somos os guerreiros da linha de frente. E geramos riquezas através da manipulação de matéria-prima, do uso de ferramentas pesadas, ao lidar com máquinas perigosas que nos mutilam, nos ferem, nos matam. E a resposta patronal é a indiferença, a falta de investimento em segurança, o desrespeito aos nossos direitos. Por isso, devemos estar sempre preparados para a greve, pois os patrões só sabem ouvir o som das máquinas paradas.
Vivemos com salários mais curtos que o mês e para garantir uma qualidade de vida mínima para nossas famílias, para manter os filhos na escola, para cuidar da nossa saúde e lazer, somos obrigados a nos endividar. Porque os patrões não estão nem aí para as nossas dificuldades e é por isso que devemos todos estar sempre mobilizados para a greve. Só assim voltamos a recuperar a etapa de crescimento de nossos ganhos de maneira que acompanhem os tremendos lucros patronais.
Mesmo com salários irrisórios, com dívida, sem apoio para garantir a saúde e o lazer de nossas famílias, mesmo assim, ajudamos o Brasil a superar a crise financeira mundial. Agora, a economia volta a crescer. E os patrões olham preocupados para as máquinas, que não podem parar.Por isso, mais uma vez conclamamos os companheiros e companheiras, a apoiar as negociações do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, a nos ajudar a buscar mais ganhos do PLR, mas a ficarmos todos atentos, pois não dá mais para esperar. Em qualquer situação de enrolação por parte dos patrões, nossa resposta será a greve. Que é motivada pela covardia dos empresários que só olha o próprio lucro.

Chegou a hora dos abonos emergenciais

O Brasil está saindo da crise. E em todas as avaliações lá está o esforço da classe trabalhadora brasileira nesta superação. Ajudamos com sacrifício, com perda de vagas, com redução de ganhos. Mesmo assim, nos mantemos serenos e gastamos o restinho de dinheiro que a gente tinha na família no nosso bairro, na nossa cidade, no nosso Estado e em nosso querido Brasil.
Enquanto a gente trabalhava e consumia aqui dentro, muitos setores patronais fugiram da raia. Subiram no muro e ficaram, lá de cima, assistindo a nossa luta ferrenha contra a crise global.
Agora, quando saímos do túnel e o horizonte volta a se abrir, os patrões querem nos convencer que precisamos fazer horas extras, produzir aceleradamente, nos sacrificar para que suas empresas não percam as novas oportunidades que surgem após a crise.
Pois bem. Vamos, claro, fazer a nossa parte. Mas é a hora de recebermos os abonos emergenciais. Que serão um reconhecimento do nosso esforço em manter as empresas funcionando, de termos acreditado mais na empresa e no seu futuro, do que os próprios donos.
O abono emergencial é necessário para que façamos um ajuste de contas. Perdemos muito dinheiro nesta crise, seja com as demissões, com a interrupção dos aumentos por mérito e, principalmente, através da rotatividade acelerada. Sempre com a desculpa da crise financeira, sempre gerando prejuízos para nós metalúrgicos e metalúrgicas.
A hora da recuperação é agora. A hora dos abonos emergenciais chegou. E vai nos compensar pelos sacrifícios extras que faremos para que as empresas nas quais trabalhamos possam recuperar as oportunidades que agora se apresentam no mercado.
O Brasil retoma o crescimento. E o faz de maneira acelerada, sem tempo a perder. A empresa que souber mobilizar e motivar seus trabalhadores tem mais chances de aproveitar as oportunidades. E essa mobilização passa, necessariamente, pelos abonos emergenciais.

Consumo dos trabalhadores salvará a nossa economia

De repente, por causa da crise e da superação rápida de uma situação que foi calamitosa economicamente em outros países, principalmente os desenvolvidos, os trabalhadores brasileiros e seu poder de consumo foi percebido pelo mercado.
A revista Época Negócios deste mês, da Editora Globo, resolveu mergulhar na nova realidade para orientar seus leitores, na maioria grandes empresários, a respeito do potencial que existe neste mercado até então deixado, irresponsavelmente, de lado.
A revista chega a ponto de classificar os trabalhadores que consomem como a “nova classe média”. Tudo porque o consumo dos trabalhadores, os metalúrgicos de Santo André e Mauá, entre eles, mais os homens e mulheres que vivem nas periferias e nas comunidades, mais os aposentados e pensionistas atingiu a estrondosa cifra de seiscentos e vinte bilhões de reais no ano passado.
Um consumo exercido religiosamente por mais de 30 milhões de brasileiros que todos os meses saem às compras porque, ao contrário dos patrões, não mandam dinheiro para o Exterior nem investem em artigos de luxo nem desperdiçam com coisas inúteis.
É dinheiro suado, do bom, que é gasto em artigos de limpeza, em material escolar, na reforma da casa, em computadores para os filhos, em novos aparelhos de TV, em viagem com a família. Ou seja, gastos feitos a favor do Brasil. E, quando sobra, gasta-se mais na compra de um terreninho ou na aquisição do primeiro veículo da família.
Nos últimos sete anos, essa camada da população teve um aumento superior a 40% em sua renda familiar, que hoje vai de R$ 1,1 mil a R$ 4,8 mil. “Esse aumento já injetou na economia mais R$ 100 bilhões desde 2002”, diz Haroldo Torres, especializado em pesquisas sobre a base da pirâmide.
Esse aumento na receita familiar vem dos acordos salariais, como o que estamos negociando com os patrões do nosso setor, vem de renda extra de empreendedorismo, pois cada jovem que encontra a porta do emprego fechada vai à luta. Cada mãe de família trabalha horas extras para buscar mais renda para ela e seus filhos.
São estes brasileiros e brasileiras, entregues de corpo e alma à própria Nação, que não escolhem hora para trabalhar e para gerar riqueza, que participam das nossas lutas sindicais, que batalham mais renda para suas famílias que se tornarão a saída para os grandes investidores do Brasil e do mundo. Porque só se gera riqueza com o trabalho. E só se ajuda o Brasil a crescer se reinvestindo aqui o que nós ganhamos, a favor de nossas famílias, do comércio local e das nossas cidades e regiões.

Acelerar a industrialização para confirmar crescimento do Brasil

A revista inglesa “Economist”, desta semana, traz um detalhado estudo sobre o Brasil de hoje e o que se espera de nós, no mundo. “O Brasil se tornará brevemente, segundo a Goldman Sachs, a quinta economia mundial, superando a Inglaterra e a França”, escreve a revista.
Segundo A “Economist”, o Brasil já retomou taxas de crescimento de 5% ao ano, e assim que o petróleo do Pré-Sal comece a ser retirado e comercializado, o país experimentará uma nova arrancada econômica.
Mas não teremos apenas petróleo como riqueza. Ainda continuaremos a ser uma das principais regiões do planeta fornecedora de alimentos para o mundo, em função das nossas vastas áreas agriculturáveis e ao continuado aumento de produtividade.
A revista inglesa destaca que o Brasil, diferentemente da China, é uma democracia. Diferentemente da Índia, não tem conflitos étnicos. E também diferentemente da Rússia, famosa por exportar petróleo e armas, nós temos uma carteira vasta de exportações, que vão desde produtos manufaturados, veículos e produtos agrícolas.
Além destes fatores que se combinam a favor de nossa economia, a “Economist” destaca que o presidente Lula quer acelerar a industrialização do país, em torno do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da construção de novas plataformas, navios e infra-estrutura necessárias para a extração do petróleo do Pré-Sal e para aproveitar as riquezas que o petróleo nos garantirão.
Mas ainda temos problemas a resolver, destaca a “Economist”. A educação, a segurança pública e a infra-estrutura do Brasil ainda deixam muito a desejar. São pontos que fazem parte das bandeiras de reivindicação dos metalúrgicos de Santo André e Mauá há anos. E que, infelizmente, ainda não encontramos o eco político e social que precisamos para garantir um crescimento sustentado, com garantia de bons empregos, que surgirão com investimentos diretos na boa educação.
Precisamos também de mais segurança pública que atrairá mais investimentos no Brasil e garantirá aos nossos filhos e filhas uma vida mais tranqüila e prolongada. E a atenção com os investimentos em infra-estrutura, principalmente, nas estradas brasileiras que podem gerar milhões de empregos com suas inadiáveis recuperações.
O mundo já leva a sério o Brasil. Os trabalhadores já levam a sério o Brasil desde quando nos entendemos por gente. Falta agora os patrões caírem na real e apostarem na produção e no relacionamento com seus principais aliados, que são seus trabalhadores. E nos valorizar, de verdade, através da negociação de salários decentes e a geração de condições adequadas para o exercício de nossa função, que é a de gerar mais riquezas para suas empresas e para o Brasil.

Mobilizar contra a vergonhosa sistemática do arrocho salarial

Os metalúrgicos de Santo André e Mauá estão conscientes de todas as manobras patronais para arrochar, ano a ano, os nossos ganhos. A fórmula da vergonha é a mesma de sempre: a cada campanha salarial a gente consegue negociar bons reajustes, incluindo, ganhos reais nos salários.
No dia seguinte, começa a vergonha de empresários que não têm o mínimo senso de convivência social e que agem deliberadamente para sangrar nossos ganhos, gota a gota.
Adotam a rotatividade calculada e demitem nossos companheiros e companheiras com salários reajustados por outros trabalhadores por salários mais baixos. Conseguem, assim, achatar, ano a ano, mês a mês, nossos ganhos.
Prejudicando a massa salarial da categoria. Transferindo renda para os cofres das empresas e para os bolsos dos patrões.
Por isso, neste ano queremos negociar um valor muito mais alto para o piso salarial. Para ter uma medida que nos ajude a estancar a sangria em nossos ganhos.
Mas também estamos articulando no Congresso Nacional para que o Brasil assine a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que regulamenta a demissão sem justa causa.
É uma vergonha ter que lidar com patrões dessa qualidade em pleno Século 21. É triste termos nossa massa salarial subtraída, mês e mês, através de atitudes covardes como são as demissões controladas dos trabalhadores e trabalhadoras, para serem imediatamente substituídos por outros com ganhos menores.
Estamos fazendo um levantamento via RAIS da rotatividade em nossa categoria. Vamos mandar traduzir para o inglês, francês e espanhol e apresentar o caso na Organização Internacional do Trabalho, com o nome das empresas, com suas marcas, com os nomes dos principais executivos. Vamos mostrar para o mundo inteiro como funciona a barbárie administrativa em Santo André e Mauá.A cada dia, aprendemos a enfrentar esses patrões que são verdadeiros vírus malignos da economia nacional, que jogam sem constrangimento contra os interesses sociais, que merecem todo o nosso mais profundo desprezo. E mobilização permanente para, através de ações políticas, controlar essas administrações insanas.

Superada a crise, é hora de desenvolver a indústria com salários decentes

Volto de uma visita à Itália, na região de Marche, onde existe um dos mais desenvolvidos pólos tecnológicos do mundo. A viagem fez parte das articulações que realizamos para a implantação do Pólo Tecnológico do ABC. Fiquei impressionado com o potencial que podemos transferir para o Grande ABC e super sensibilizado com a nova visão que os italianos e europeus em geral têm agora do Brasil.
Já somos o futuro. E todos nos indagam sobre nossas riquezas e sobre a qualidade de vida dos trabalhadores nas fábricas. Já nos vêem como um Brasil essencial para o desenvolvimento mundial.
Mas toda viagem tem a volta. Chego aqui e me deparo com um documento produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do governo federal que mostra que “sem a indústria não existe crescimento para valer”, de acordo com a análise do economista Leonardo Carvalho.
Que nos ensina que “as economias que tiveram expansão anual do PIB superior a 5%, de 1970 a 2007, foram aquelas cuja proporção da indústria de transformação no valor adicionado cresceu 2,5 pontos percentuais ou mais.”
Ou seja, após ter vivido o futuro na Itália e termos o Brasil reconhecido como uma das mais importantes regiões de geração de riqueza no planeta, me vejo, junto com os companheiros e companheiras de Santo André e Mauá, às voltas com a nossa campanha salarial.
Estamos em negociação permanente com o Grupo Sindipeças e 19-3. E a falta de visão dos nossos patrões é assustadora. Investir nos salários e na motivação dos metalúrgicos é essencial para garantir a qualidade, a produtividade e a competitividade mundial.
Em vez de os patrões apostarem no que há de mais moderno no mundo em termos de negociação, se escondem atrás da crise que foi superada com a participação direta dos trabalhadores brasileiros que não se intimidaram e mantiveram o consumo.
Os empresários com os quais negociamos fazem toda a encenação para continuar a proteger a lucratividade do passado, se esquecendo que se apostarmos todos juntos no futuro, os ganhos serão muito maiores e para todos nós, sociedade, empresas e trabalhadores.
Na próxima sexta-feira temos mais uma Assembléia da Campanha Salarial. Esperamos que seja a definitiva. Vamos nos encontrar e vou aproveitar para dividir, com todos vocês, o que aprendi nesta viagem à Itália.
Temos a responsabilidade de ajudar a consolidar o Pólo Tecnológico do ABC. E é nosso dever mostrar para os patrões que acreditamos, de verdade, no futuro do Brasil e na indústria instalada na região.
Se os patrões preferem se manter cegos, nós trabalhadores vamos provar com muita negociação e mobilização que acreditamos, como o resto do mundo, que o Brasil está preparado para o presente e para o futuro.