Os pobres brasileiros foram deixados de fora da economia durante 500 anos. Fomos transformados em bucha de canhão nas fazendas, nas fábricas, nas lojas e escritórios. Nos restava apenas trabalhar e assistir de nossas casas precárias como os ricos levavam uma vida boa e confortável.
Os ricaços tinham acesso a carros, televisores de última geração, computador para os filhos. Além de viajarem para lá e para cá de avião e navio. Deixando aos mais humildes os dias e noites que consumíamos em viagens para visitar nossos parentes.
Até que chegou o governo do presidente Lula e deu uma sacudida na situação. Com o reajuste do salário mínimo acima da inflação, incorporando aumento real de mais de 45%, com o Bolsa Família, com o acesso dos pobres às universidades e às escolas técnicas, com a inclusão de mais de 39 milhões de brasileiros ao consumo, o Brasil é outro.
Mas, ainda um Brasil em construção no qual muitos ajustes precisam ser realizados. Surge então os técnicos de plantão, continuamente estimulados pelas aves de rapina dos regimes antigos e transformam os pobres como os principais alvos de seus ataques econômicos.
Acontece uma campanha sórdida para que o Banco Central restrinja o crédito para quem gasta até R$ 1 mil. Todos os dias surgem “pesquisas” encomendadas que provam que os pobres estão gastando demais. Um estudo de uma agência notoriamente ligada aos banqueiros afirma que “as famílias comprometeram 40% da sua renda em abril deste ano, enquanto em abril de 2006 o comprometimento foi de 22%.”
A pergunta que cada um de nós quer fazer é: “e daí?”. Enquanto consumíamos pouco, a elite estava satisfeita. Agora, que conseguimos melhorar de vida, começa a gritaria contra os pobres.
Ninguém fala dos ganhos astronômicos que os bancos e especuladores têm com os juros mais altos do mundo.
Ninguém aposta na educação financeira para ajudar os mais humildes a consumir de maneira continuada e conseguir pagar as prestações.
Ninguém fala, principalmente, das verdadeiras quadrilhas que aplicam juros extorsivos nas prestações e que, diante de qualquer atraso no pagamento, cobram juros ilegais.
O Brasil vai continuar a melhorar sua economia. E nós, que fomos excluídos por cinco séculos, chegamos para ficar. E vamos participar deste crescimento. É um fato que discurso ou campanha nenhuma conseguirá interromper.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá