quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sonhar com um Brasil sem racismo

Comemoramos nesta quarta, 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra. É uma data importantíssima que nos estimula a sonhar com um Brasil sem racismo, como afirmou nosso amigo e companheiro João Avamileno, que representou o prefeito de Santo André, Carlos Grana, em nosso evento.
A data registra, como todos sabemos, a morte de Zumbi dos Palmares. Líder negro que foi caçado e morto pelas forças de repressão do Império Português, em terras brasileiras, comandadas pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, em 20 de novembro de 1695.
Ser negro no Brasil de hoje, 318 anos após a captura, assassinato e decapitação de Zumbi, é repetir, todos os dias, em cada atividade essencial à sobrevivência, a mesma determinação que o líder do Quilombo dos Palmares adotou na sua luta pela dignidade, igualdade e, principalmente, pela liberdade.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), basta ser negro para aumentar em 8% o risco de ser vítima de homicídio. Caso o negro seja jovem, terá 3,7 vezes mais chances de ser assassinado do que ser for da raça branca.
E, se escapar da morte, corre sérios riscos de passar grande parte de sua vida nas prisões, pois, para cada dez encarcerados brancos, existem outros 15 da raça negra.
Essas estatísticas se refletem no subemprego, nos salários vergonhosos e nas péssimas condições de moradia a que são condenados negras e negros, de todas as idades e em todas as regiões brasileiras, 318 anos após Zumbi ou 125 anos após a formalidade que libertou os escravos assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888.

Construir os sonhos
Sonhar com um Brasil sem racismo é nosso principal estímulo. Um sonho que exige ação permanente, de olhos bem abertos, a partir de nossa estrutura sindical, nas organizações de moradores, nos partidos políticos e nas igrejas.
Para marcar com a presença da raça negra as lojas dos shopping centers, os aeroportos, as faculdades, as diretorias das empresas, as salas dos professores das universidades, faculdades e colégios.
Mas só vamos garantir a presença dos negros e negras em todos os escalões da nossa hierarquia econômica, política e social se mantivermos a luta contra a miséria em nosso País.
Ao resgatarmos os brasileiros e brasileiras da miséria, integraremos à nossa economia e à nossa convivência social, política e cívica, grandes contingentes de negros que continuam exilados e humilhados dentro do Brasil.
E que ainda são mantidos distantes de uma vida digna, sem acesso a Saúde, à Educação e às oportunidades que lhes garantam a dignidade pela qual Zumbi dos Palmares deu a própria vida

Cícero Martinha
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá